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Nômade

O que significa valorizar a experiência nos ambientes de trabalho?



Discussões sobre a experiência do colaborador nos ambientes de trabalho ou Employee Experience têm sido cada vez mais frequentes. Diversos fatores como remuneração, organização do espaço, jornada de trabalho, processos de onboarding e offboarding, entre outros, têm sido abordados. Além disso, observa-se que tanto as empresas quanto os colaboradores têm aumentado a busca e a valorização de premiações que classifiquem bons locais de trabalho, como o Great Place to Work, as avaliações no Glassdoor e o Employee Experience Index.


Junto do conceito de Employee Experience, estão em alta metodologias que priorizam as pessoas em relação aos processos e valorizam o desenvolvimento, de modo que elas possam encontrar formas de aprender com seus erros, como já comentamos sobre a abordagem do Agilismo. Contudo, esses movimentos seguem buscando o engajamento e a produtividade, sendo necessário questionar de que forma temos abordado o conceito de experiência nos ambientes de trabalho e quais as alternativas para que ela se desenvolva de forma orgânica.


Em busca de uma definição para experiência


Nesse texto, vamos apresentar os conceitos de aprendizagem como experiência e de experiência como um processo contínuo de autoconstrução.


Em ‘Notas sobre a experiência e o saber da experiência’, o filósofo e pedagogo Jorge Larrosa Bondía (2002) contrapõe a perspectiva de aprendizagem formulada a partir do par informação/opinião, ao par experiência/sentido. O autor propõe que a aprendizagem não se trata de um processo reativo no qual entramos em contato com uma informação e nos posicionamos a seu respeito, mas um processo expositivo no qual nos permitimos vivenciar uma situação e posteriormente atribuir sentido a ela.


Sendo assim, a experiência não pode ser reduzida à prática de trabalho, nem almejar um resultado produtivista, pois trata-se de um evento caracterizado pela passividade, disponibilidade e abertura, muitas vezes improdutivas. Nas palavras do autor:


“O sujeito da experiência [...] é um sujeito alcançado, tombado, derrubado.

Não um sujeito que permanece sempre em pé, ereto, erguido e seguro de

si mesmo; não um sujeito que alcança aquilo que se propõe ou que se

apodera daquilo que quer; não um sujeito definido por seus sucessos ou

por seus poderes, mas um sujeito que perde seus poderes precisamente

porque aquilo de que faz experiência dele se apodera. Em contrapartida,

o sujeito da experiência é também um sujeito sofredor, padecente,

receptivo, aceitante, interpelado, submetido. Seu contrário, o sujeito

incapaz de experiência, seria um sujeito firme, forte, impávido, inatingível,

erguido, anestesiado, apático, autodeterminado, definido por seu saber,

por seu poder e por sua vontade.” (BONDÍA, p. 25, 2002)



De modo semelhante, Francisco Varela propõe, junto de seus colegas, a Teoria da Enação (1991), que visualiza as experiências como um contínuo processo de autoconstrução que se estabelece “por meio de interação contínua e recíproca entre cérebro, corpo e mundo” (Colombetti e Thompson em The feeling body: Toward an enactive approach to emotion, 2007). Dessa forma, não é possível pensar em um processo de aprendizagem baseado no processamento de informações externas, pois interior e exterior não são domínios separados nas experiências humanas. Em vez disso, significados e experiências são elaborados ou inativados por meio de ações incorporadas: vivências estabelecidas entre sujeitos e seus ambientes a partir de suas existências corporais e sensoriais.


Então, considerando esses conceitos de experiência, como podemos ampliar sua ação nos ambientes de trabalho?


Facilitando produções de sentido nos ambientes de trabalho


Embora não seja possível garantir que as experiências dos colaboradores caminhem no mesmo passo que a expectativa de produtividade das organizações, é possível construir ambientes de trabalho que facilitem as produções de sentido, expandindo o senso de integração e, consequentemente, o bem estar e o engajamento dos colaboradores. Alguns referenciais do design e da psicologia podem auxiliar essa construção:


  • Design, emoções e experiências:

Metodologias do design que buscam uma boa experiência para os usuários podem ser utilizadas estrategicamente nas organizações, focando na experiência dos colaboradores. No artigo “A perspectiva cognitiva no design para emoção: análise de concerns em projetos para a experiência”, Leandro Tonetto (2012) fala sobre o papel das emoções nos processos de Design, tema principalmente estudado por Pieter Desmet e que dialoga com a teoria cognitiva dos Appraisals. Nessa vertente, entende-se que os produtos de design, sejam eles objetos, experiências ou projetos, possuem o potencial de despertar diferentes emoções em diferentes usuários. Estímulos que para alguns podem ser considerados prazerosos, para outros podem ser aversivos.


Partindo dessa premissa, propõe-se um modelo de pesquisa que visa identificar o modo como os usuários avaliam os produtos que estão sendo desenvolvidos, levando seus contextos e emoções em consideração. Essa abordagem do design dialoga com a perspectiva do Data-Driven Design, ou design orientado por dados, que também possui como objetivo recolher informações contínuas sobre o público de determinado projeto, de forma a fornecer uma experiência mais alinhada com o repertório dos usuários.


Recentemente publicamos um artigo que fala sobre a utilização de dados na construção de personas de forma a otimizar experiências de atendimento ao cliente. No interior das organizações, essa estratégia pode ser uma excelente aliada no respeito à diversidade, pois permite que diferentes perfis de colaboradores sejam mapeados, auxiliando na construção de estratégias distintas para que todos sintam-se integrados aos propósitos e à cultura da empresa.



  • Team Building como Ação Estratégica:

Recentemente participamos do RH Talks falando sobre como ações de Team Building podem ser utilizadas de forma estratégica (é possível acessar o vídeo completo com a apresentação do sócio da Nômade - Daniel Caminha nesse link). Para que os colaboradores sintam-se alinhados aos seus ambientes de trabalho e consigam produzir sentido em suas experiências, é essencial que eles dialoguem com a cultura da empresa e entendam a importância do papel que desempenham na organização.



Para tanto, a Nômade desenvolve uma série de atividades que tem como objetivo facilitar uma visão sistêmica das organizações. Dessa forma, os colaboradores podem compreender melhor como suas ações funcionam em conjunto com as ações dos colegas e de que forma seus propósitos pessoais dialogam com os propósitos da organização.


Caso tenha interesse em fortalecer as produções de sentido na sua organização, estamos sempre disponíveis para conversar a respeito. Entre em contato.





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