Quando falamos em conflito e mudanças, o que vem à sua cabeça? Brigas, discussões, impasses, paralisia, ameaça? O ser humano é, por essência, um ser relacional.
E, ao nos relacionarmos com o outro, surgem diferentes ideias, percepções e pensamentos, gerando inúmeras possibilidades de opiniões e cenários, o que, normalmente, pode iniciar uma situação conflitiva. Pensar em conflito, na maioria das vezes, nos leva a um lugar onde nos sentimos desconfortáveis. Em nossas percepções e memórias, ele surge vinculado ao embate direto, à luta, à paralisia ou à fuga.
Todos esses comportamentos estão ancorados na ideia de violência: quando entramos num embate direto ou luta, estamos nos relacionando de forma violenta com o outro; já ao paralisarmos ou fugirmos, a violência ocorre internamente.
No entanto, ao contrário do que pensamos, o conflito não é algo necessariamente ruim. Muito pelo contrário: ele é necessariamente necessário!
O conflito traz incômodo, traz incerteza. E isso, gera mudanças. Não existe evolução sem conflito. Na realidade, o problema não é o conflito, mas sim aceitar o desafio de lidarmos com ele de forma não-violenta, de enxergar o impasse como uma oportunidade de um outro olhar, de novas soluções a serem construídas. Ele é a essência da evolução e da busca de novos caminhos e de mudanças.
“A paz não é, não pode ser e nunca será a ausência de conflitos, mas sim o controle, a gestão e a resolução dos conflitos por outros meios que não os da violência destruidora e mortal.” (Jean-Marie Muller)
Mas, então, como ter um diálogo com ideias e percepções divergentes, sem que isso vire uma situação conflitiva?
Perceber que o impasse não é necessariamente ruim já representa boa parte do caminho a ser trilhado. Identificar interesses comuns, necessidades das pessoas envolvidas, falar de forma clara, honesta e objetiva, escutando a todos, já facilita o caminhar. Nesse contexto, a mediação surge como uma técnica extremamente eficiente, capaz de tornar o processo dialógico algo construtivo.
O diálogo como ferramenta de mudança
Com o auxílio de um mediador – especialista em análise do conflito - são utilizadas ferramentas para tornar o ambiente seguro e sigiloso, para que as partes possam, de forma colaborativa, criar estratégias para prevenir, transformar ou resolver o impasse.
O diálogo deve ser um espaço que propicie o pensar em conjunto, o que envolve o desenvolvimento de uma escuta profunda e o direito à voz de todos os envolvidos.
A busca pelo caminho de uma comunicação estruturada e organizada, se mostra crucial para a construção de soluções criativas para os novos desafios que surgem. De maneira inovadora e colaborativa, levando em consideração as necessidades e interesses dos envolvidos, o diálogo se torna um dispositivo muito potente e uma oportunidade para ajudar equipes a cultivar processos ágeis e dinâmicos nas organizações. Novos modelos e formatos de trabalho estão revolucionando contratos e relações, é ainda mais urgente contribuir para que as pessoas consigam firmar relações operacionais e criativas de trabalho com mais fluidez.
Essa reflexão foi proposta por Gisele Dias Forneck*, sócia da Ríza Mediação, integrante do time Nômade no projeto Engajamento e Colaboração.
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